terça-feira, 20 de abril de 2010

DosVox

Dosvox
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


O DOSVOX é um sistema computacional, baseado no uso intensivo de síntese de voz, desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que se destina a facilitar o acesso de deficientes visuais a microcomputadores. Através de seu uso é possível observar um aumento muito significativo no índice de independência e motivação das pessoas com deficiência visual, tanto no estudo, trabalho ou interação com outras pessoas. Atualmente o projeto conta com mais de 20.000 usuários espalhados pelo Brasil, Portugal e América Latina.


História

O Projeto DOSVOX nasceu da dificuldade de Marcelo Pimentel, aluno do Curso de Informática da UFRJ em 1992, em estudar matérias que lidassem diretamente com o computador, e que eram razão de grande dependência de seus amigos e de seu pai. Em 1993, não existia ainda nenhum sistema com síntese de voz para língua portuguesa disponível para uso em microcomputadores IBM PC, que eram aqueles utilizados por todos os alunos de informática na UFRJ. Marcelo descobriu que havia no Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), órgão responsável pelo processamento de dados do Ministério da Fazenda, alguns cegos trabalhando, e que já utilizavam alguns equipamentos de informática, em particular terminais IBM 3270 com um pequeno hardware para síntese de voz em inglês. Animado com a perspectiva de criar algo parecido com o que vira no Serpro, e incentivado por Mário de Oliveira, professor da disciplina de Cálculo Vetorial e Geometria Analítica, Marcelo aceitou a idéia de iniciar um projeto de iniciação científica visando desenvolver um sistema que fizesse o computador interagir com o usuário através da voz.

Para esse projeto a Reitoria da UFRJ cedeu um pequeno espaço num laboratório de informática do NCE e alguns equipamentos como impressora braille, scanner de mesa, um sintetizador de voz para a língua inglesa e um software que descrevia o que estava sendo feito no micro, semelhantes aos utilizados no SERPRO. Porém, não encontrando pessoas com conhecimento técnico específico para fazer uma orientação adequada ao projeto, desestimulado, Marcelo acabou deixando-o inconcluso.

No segundo período da faculdade, Marcelo conheceu Antonio Borges, professor de Computação Gráfica que, prevendo as dificuldades de ensinar a um deficiente visual, resolveu assumir a orientação do projeto de iniciação científica abandonado. Tendo sido dispensado da parte prática da disciplina, como contrapartida Marcelo teria que dar continuidade ao projeto.

Diante da grande dificuldade e custo de obter placas de som naquela época, um hardware específico, projetado pelo professor de Eletrônica Diogo Takano, era acoplado à porta de impressora, e transformava a forma digital dos arquivos gravados em ondas sonoras. Antonio Borges construiu as rotinas de software básico necessárias para o controle do dispositivo, e orientou Marcelo nos primeiros experimentos. O primeiro resultado utilizável foi um pequeno programa capaz de soletrar o que aparecia na tela do computador, através da reprodução de arquivos pré-gravados com os sons das letras. Contando apenas com este apoio, Marcelo desenvolveu um editor de texto simples e funcionalmente completo, apenas com a restrição de que a leitura de textos era também soletrada.

Motivados pela necessidade criada nestes primeiros experimentos, em poucos meses Antonio Borges e outros alunos, em projeto de fim de curso, conseguiram construir o primeiro sintetizador de português do Brasil, que apesar de precário melhorava extraordinariamente o potencial de leitura de textos do sistema.

Em poucos meses, um pequeno conjunto de programas já dava o feedback mínimo para um estudante escrever e ler com independência. Batizado como DOSVOX (a voz do DOS, sistema operacional muito usado na década de 1990) ganhou uma interface padrão, baseada num sistema de menus sonoros e de feedbacks auditivos cuidadosamente preparados, e que se tornou modelo para os quase 100 programas que hoje constituem o sistema. Ao longo do tempo, esta interface foi muito aprimorada, mantendo entretanto sua principal característica: poder ser utilizado confortavelmente por pessoas sem contato prévio com informática, o que permitiu a ampla disseminação num país com alto índice analfabetismo digital como o Brasil.

Mesmo tendo sido completamente reescrito para execução em Windows e posteriormente para Linux, o nome DOSVOX foi mantido por razões históricas.

 
Disseminação

Durante os primeiros anos o produto foi comercializado a um preço baixo (70 dólares) e parte do lucro obtido revertido para o desenvolvimento do próprio sistema. Hoje o sistema é distribuído gratuitamente pela Internet, sendo seu desenvolvimento custeado principalmente com recursos internos do Núcleo de Computação Eletrônica.

A partir da disseminação apoiada por diversas instituições de renome como o Instituto Benjamin Constant, no qual tem sido utilizado na educação básica de crianças e jovens deficientes visuais, o DOSVOX ganhou credibilidade e veio a tornar-se o sistema de acessibilidade mais usado no Brasil.

O DOSVOX foi traduzido para o espanhol, originalmente na Fundação Braille do Uruguai e posteriormente na Universidad de las Américas sendo esta versão usada em países que falam espanhol.

A versão Linvox foi originalmente gerada pelo professor Gabriel Pereira da Silva e posteriormente reprojetada pelo SERPRO, sendo batizada de sistema SINAL.
 
Descrição do sistema

O programa é hoje distribuído em versões para Windows e Linux e é um software desenvolvido segundo a filosofia Open Source. A versão para Linux é também chamada de Linvox.


O DOSVOX é composto de:

  • Sistema operacional que contém os elementos de interface com o usuário;
  • Sistema de síntese de fala, incorporando um sintetizador simples para português e conexão para sistemas profissionais de síntese de voz;
  • Editor, leitor e impressor/formatador de textos;
  • Impressor/formatador para Braille;
  • Programas sonoros para acesso à Internet, como Correio Eletrônico, Telnet, FTP e acesso à WWW.
  • Diversos programas de uso geral para o cego, como caderno de telefones, agenda de compromissos, calculadora, preenchedor de cheques, cronômetro, etc.
  • Jogos de caráter didático e lúdico;
  • Ampliador de telas para pessoas com visão reduzida;
  • Programas para ajuda à educação de crianças com deficiência visual;
  • Leitor de telas/janelas (versão para Windows)
Atualmente o NTE de Silvânia, a pedido de algumas escolas, vem testando o Linvox no software Linux Educacional 3.0 buscando a inclusão de alunos deficientes visuais no uso do computador.


Fonte do Post:
Acesse:
.